terça-feira, 9 de outubro de 2012

Desabafo matinal

Sabe, eu não gosto, não gosto mesmo de gente desconfiada. De gente depressiva. De gente que vive por ai triste, posando de vítima, jogando nos outros a culpa por todos os seus infortúnios e decepções. Não gosto de gente que não assume suas responsabilidades e se nega a buscar a solução para os seus problemas, e fica esperando que a vida, num passe de mágicas, resolva tudo com 
o tempo. Mas o que eu gosto menos ainda é de gente pessimista. Aliás, eu odeio. Detesto essas pessoas que sempre acreditam que o pior vai acontecer, que o mundo conspira contra elas. Não tenho paciência. Não tenho vontade de ficar perto. Tenho nojo. Tenho asco. A vontade que dá é pegar esse tipo de gente pelo braço, sacudir bem forte, esbofetear a cara e gritar: ACORDA! Então resolvi: é o que eu vou fazer da próxima vez! Fica dado o recado.

terça-feira, 8 de maio de 2012

A utopia do 'para sempre'



E é engraçado como a gente muda com o passar do tempo. Então a vida vai se tornando mais leve, e o peso das decisões equivocadas já não é insuportável. A gente aprende a se perdoar. A se dar mais uma chance. E vai parando com aquela obcessão de planejar a vida nos mínimos detalhes. Aprende a deixar a vida nos levar. E já não importa tanto se estamos perdendo nosso tempo com o cara errado. Importa sim a qualidade dos momentos passados juntos. Isso por que a gente descobre que nada é eterno e que a vida é feita de momentos. Bons ou não. Momentos. E só.
Então a gente deixa rolar. Já não há mais aquele desespero para que as coisas saiam exatamente como planejamos. Se der certo, ótimo. Se não der, amanhã é outro dia. A gente aprende a recomeçar. A recomeçar tudo. Um namoro, uma amizade, uma profissão, uma massa de bolo que solou.
Quando a gente entende isso, consegue compreender melhor o que nos faz felizes, sob o prisma do recomeço. E passamos a buscar por esses momentos de felicidade. A partir daí, já não nos contentamos mais com nada que seja ‘mais ou menos’.  Afinal, por que vamos ficar com algo ‘mais ou menos’ se amanhã é outro dia e sempre podemos recomeçar? Desconstruir a utopia do ‘para sempre’ é preciso para uma felicidade real, e não estigmatizada.
Sim. Caso você esteja, a essa altura, desconfiando, eu confirmo:  esse é um texto sobre relacionamentos amorosos!
Eu fui feliz com todos os namorados que tive. E infeliz com a maioria deles também. Quando isso ocorreu, sabia que era hora de partir, apesar de doer. Nunca coloquei pontos finais, mas também nunca fiquei olhando para o passado. Pois sei que nada volta. Sei que tudo muda.  E isso incrivelmente é mágico!
Não sei quanto a vocês, mas eu já não me permito dispor de tempo ao lado daquilo que não me faz bem. Não banco mais a pessoa educada perto de gente chata. Já não dou mais abraços em quem não gosto. Deixei de atender o telefonema de pessoas que já não fazem mais parte da minha lista de interesses. Aprendi, nesse aspecto, a ser prática.  Desaprendi a ser sociável por pura escolha. Fico no meu canto, rodeada pelas coisas que eu gosto, e só abro a porta do meu mundinho para quem me faz bem. Não tenho nenhum tipo de problema com a solidão, caso ela resolva me visitar. Tenho sim é medo de gente interesseira, invejosa, empobrecida de sonhos e de fé.
Quero flores todos os dias. Quero música romântica no final da noite. Quero beijo apaixonado. Quero alguém que esteja disposto a nunca deixar de me surpreender, seja com uma palavra, uma atitude, um carinho, um sorriso. Quero o inesperado, o improvável, o verdadeiro. É o que faz tudo valer.
E, se não for assim, amanhã é outro dia. Porque, como eu já disse, o ‘mais ou menos’ nunca me interessou. 

sábado, 14 de abril de 2012

Numa fase ótima!


(Trecho de um e-mail enviado a um amigo )

Pois é. Estou assim. Numa fase ótima.
No sábado passado cheguei em casa toda escabelada, com a meia calça furada embaixo do pé, com o sapato na mão, com a blusa suja de cerveja e com a alça da bolsa arrebentada... E tranquei o carro com a chave dentro! Como que eu consegui vir dirigindo até em casa é uma incógnita. Vomitei, caí da cama e, quando consegui dormir, sonhei que era astronauta.
Ri litros de tudo isso no dia seguinte. Eu já não sofro mais de ressaca moral.
Pois é. Estou assim. Numa fase ótima.
Onde não preciso fazer nada para agradar ninguém. Onde posso ter meus quatorze gatos e comer chocolate quando me der vontade sem nenhum chato pra me torrar a paciência. Com tempo para focar nos estudos ao invés de ficar pensando nos problemas de uma relação frustrada. Com tempo para planejar a visita às amigas que moram longe, e quem sabe me apaixonar no meio do caminho. E no outro dia me desapaixonar, e me apaixonar de novo. Eita coração boêmio esse meu!
Claro que eu quero um amor, daqueles para vida toda, com direito a andar de mãos dadas, dormir agarradinho, fazer cócegas pela manhã, dividir um pote de sorvete... Claro que eu quero casa, viagem romântica no final de semana, jardim, cachorro e gato. Claro que eu quero. Casar de branco? Quero! Até por que eu acho que seria uma noiva bonita! Mas não vou ficar chorando e esperando que a vida me envie o príncipe encantado. Se aparecer, apareceu. Se não aparecer... Bem... ai eu entro para um grupo da terceira idade quando chegar a hora, e vou conhecer o mundo.
Acho que voltei à adolescência, né? Só falta agora voltar a fumar maconha ouvindo Nirvana!
Estou assim. Pois é! Numa fase ótima!

sábado, 17 de março de 2012

Estranho

E eu estava ali, desfazendo aquela mala em uma noite de sexta-feira, quando encontrei uma caixinha de um presente que você havia me dado há quase três anos. Sim, eu guardara a caixinha do presente como quem guarda uma safira. Eu e minha mania de não conseguir desapegar, pensei.
E pensei em você. E em tudo o que não te disse. Mas, principalmente, em tudo o que um dia eu te disse, e que jamais deveria ter dito. Porque, embora eu não soubesse naquela época, eu te disse várias mentiras. Gostar do teu carro prata foi uma delas. Gostar da tua coleção de camisas de futebol foi outra.
Hoje, e só hoje, eu me dei conta. Me dei conta de que eu nunca te amei (e, pelo menos, essa foi uma mentira que eu nunca te contei). Porque, se eu tivesse te amado, eu não teria te deixado partir.
O estranho nisso tudo é eu não ter deixado de pensar. Pensar em ti, nas tuas manias e defeitos detestáveis, e na forma como tudo terminou. Estranho, quase três anos depois, eu aqui, escrevendo sobre você, apesar de nunca ter escrito para você. Querendo que você me desculpe por tudo, querendo ainda que você me peça perdão por tudo. Tudo o quê? Já nem lembro ao certo. Nem da mágoa - minha memória nunca foi boa para rancores. Talvez por isso eu nunca tenha entendido a tua raiva.
E agora você deve estar em uma sala de cinema, e sequer deve lembrar de mim. Tudo é tão estranho, né? Dividimos a cama, as contas e o xis de stroggonof, e agora? Nosso erro foi nunca ter dividido sonhos.
Não, eu não sinto a sua falta. É sério. Eu só sinto falta de momentos como aquele em que você bateu o carro porque não conseguia parar de me olhar.
Estranho.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Rumo ao lugar comum

E lá vou eu recolher meus sapatos, meus trapos, meus cacos.
E lá vou eu outra vez enfiar o sonho na mochila, acomodá-la nas costas e partir.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

E...

E quando meu rosto tocou o travesseiro naquela noite, era o teu cheiro que eu sentia. Então, eu quis escrever. Escrever dessas prosas loucas que nos invade o pensamento e manda o sono embora...

Em alguma rádio mal sintonizada tocava Patience, e eu pensei que nada poderia ser mais apropriado para embalar aquela noite insone, especialmente pelos ares de adolescência que essa canção traz. Sei que você saberá a razão de eu citar isso.

Estranho eu escrever assim, como se tivesse a certeza de que, um dia, você lerá essas palavras desordenadas... Mas você mesmo disse, certa noite, que eu escrevo tão bem. Eu deveria te agradecer o elogio, e esse texto talvez seja uma forma de te dizer obrigada.

E há tantas coisas que eu não sei, como sua banda preferida, o lado da cama que você dorme, a cor da sua escova de dentes... E tantas outras que eu descobri, como sua preferência por uísque, seu horror à calabresa, seu mal gosto para o futebol, e algumas das suas manias protocolares (é assim que você chama, não?).

Mas, entre as tantas outras coisas que eu já sei é que jamais poderei permitir me apaixonar por ti... Fique sossegado, menino. Eu também sou uma boa moça. Eu só vou lamentar e fumar um ou dois cigarros, beber um Cosmopolitan e esquecer, afinal você já deu as cartas.

Saiba apenas que isso não impedirá que meu pensamento voe até você na hora mais inesperada.

E a crise de consciência ainda não veio e então eu decidi que, enquanto for bom, enquanto a gente quiser, enquanto a vontade nos mantiver, de uma forma ou outra, ligados, eu te quero perto, ainda que eu precise esperar a primavera chegar.



“And it'll work itself out fine

All we need is just a little patience…

I can't have you right now I'll wait...”

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

A ou B

E as pessoas te rotulam de tantas coisas, como se uma característica anulasse as demais. E então o cara é gay, aquela mulher é vagabunda, o outro tem problemas com drogas, a vizinha é fofoqueira, e ponto.
Como se não houvesse espaço para mais nada.
Como se não tivessem o direito de ser outra coisa a não ser aquilo que o rótulo impôs.
As pessoas, ora, não são apenas 'a' ou 'b'.
O rockeiro também acorda cedo para trabalhar, a vagabunda também cuida da avó idosa, o alcoólatra tem um poodle.
Meu caro, eu te digo: somos todos reticências. No máximo, algumas aspas!